17/05/2014 - TEMA: Melhoramento Genético
MELHORAMENTO GENÉTICO PARA RESISTÊNCIA À VERMINOSE EM OVINOS – PARTE 5
A RESULTADO DO PROCESSO DE SELEÇÃO PARA RESISTÊNCIA À VERMINOSE EM UMA CRIAÇÃO DE OVINOS
Concluindo a série de artigos sobre este assunto, nesta parte final serão apresentados os resultados obtidos no processo de seleção e descarte em um plantel de ovinos. Os dados são do Sítio Água Vermelha, de propriedade da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo – COPERCANA, no município de Sertãozinho-SP. A propriedade possui uma criação de ovinos tendo como base a raça Santa Inês, atualmente também com algumas ovelhas mestiças com Dorper. À época desta avaliação, porém, o rebanho era totalmente da raça Santa Inês. Isto é exposto não para chamar a atenção para esta raça, mas para reforçar o que foi tratado na parte 3 deste artigo, em que o processo de seleção independe de raças específicas. Em todas elas são encontrados indivíduos resistentes/resilientes assim como indivíduos sensíveis à verminose.
Relembrando o que foi dito na parte 4 deste artigo, para que se seja possível avaliar corretamente os dados obtidos, transformá-los em informações sólidas e usar estas informações para selecionar os melhores animais, é necessária a ajuda de um bom sistema de gestão zootécnica. Todos os dados aqui apresentados foram trabalhados pelo software Pecuária Brasil Ovinos.
Nesta propriedade todos os animais foram avaliados pelo método Famacha a cada 30 dias, tendo os resultados anotados e posteriormente lançados no software. A cada 6 meses foi realizado um processo de seleção de animais para descarte. Entre os critérios de seleção os de maiores peso foram: ganho de peso dos cordeiros, habilidade materna, taxa de prolificidade e resistência à verminose, esta última com base no método Famacha. A ferramenta Dossiê de Matrizes do software Pecuária Brasil Ovinos foi utilizada para identificar os animais de descarte. Veja os resultados:
As tabelas 1 e 2 mostram que a incidência de animais “famacha positivo” foi maior nas categorias adultas, principalmente nas ovelhas paridas. Em animais jovens e mesmo em machos adultos esta incidência foi bem pequena ou nula. Diversos fatores influenciam neste resultado, entre eles: o sistema de produção, baseado em pastagens para os animais adultos e em confinamento ou semi-confinamento para os animais jovens; além do fato de que ovelhas paridas são mais susceptíveis à infestação por verminose por estarem passando por uma fase de imunodepressão.
Tabela 1: Frequência de animais (fêmeas) positivos para verminose, avaliados pelo método Famacha entre os anos de 2006 e 2010.
FM – Fêmeas Mamando; FJ1 – Fêmeas Jovens até 6 meses de idade; FJ2 – Fêmeas Jovens de 6 a 12 meses de idade; FAS – Ovelhas Solteiras;
FAP – Ovelhas Paridas
Tabela 2: Frequência de animais (machos) positivos para verminose, avaliados pelo método Famacha entre os anos de 2006 e 2010.
MM – Machos Mamando; MJ1 – Machos Jovens até 6 meses de idade; MJ2 – Machos Jovens de 6 a 12 meses de idade; MA – Machos adultos
Portanto, voltando o foco para as ovelhas adultas, onde está o maior problema, nos gráficos abaixo é possível verificar a evolução do rebanho no processo de melhoramento genético utilizando como um dos critérios a resistência à verminose. Entre os anos de 2006 e 2010, a incidência de "famachas positivos" reduziu de 25,13% para 3,49% nas ovelhas solteiras, e de 57,14% para 6,27% nas ovelhas paridas. Estes dados mostram a eficácia deste processo de seleção na redução da incidência de verminose no rebanho. Veja esta evolução nos gráficos abaixo:
Gráfico 1: Incidência de resultados positivos entre os anos 2006 e 2010 em ovelhas solterias
Gráfico 2: Incidência de resultados positivos entre os anos 2006 e 2010 em ovelhas paridas
Nas figuras abaixo são mostrados os dados das avaliações do ano de 2006, em ovelhas adultas, paridas e solteiras. É possível verificar que há ovelhas que em nenhuma das 10 avaliações apresentaram um resultado positivo, enquanto outras se apresentaram positivas em 80% das vezes. Estes dados corroboram a existência de animais resistentes/resilientes nos rebanhos ovinos e, também, que o problema da verminose está relacionado à presença de animais sensíveis nos plantéis, o que perpetua o problema.
Figura 1: Incidência de resultados "Famacha Positivo" em ovelhas durante o ano 2006.
Figura 2: Incidência de resultados "Famacha Positivo" em ovelhas durante o ano 2006.
A simples ação de eliminar a genética não desejada de forma sistemática e contínua, e preservar a genética que proporciona a resistência à verminose, resolve a questão no médio prazo. Esta é a forma mais prática de se promover o melhoramento do plantel, ou seja, o descarte de animais indesejados. É um método muito barato e ao alcance de qualquer ovinocultor.
Alcançar a lucratividade na criação de ovinos não é tarefa fácil. É necessário um excelente sistema administrativo, com um bom embasamento técnico, financeiro e comercial, além da construção de uma infraestrutura eficiente. Mas tudo isso depende de um rebanho que responda a todo este aparato. Sem o melhoramento genético não se alcança o resultado esperado. E como ficou claro neste artigo, a resistência à verminose é um dos aspectos que, sem dúvida, devem fazer parte de um programa de melhoramento genético em uma criação de ovinos.
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Aproveite para conhecer melhor o software Pecuária Brasil Ovinos, uma excelente ferramenta para ajudá-lo a gerenciar melhor o seu rebanho.
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