26/03/2014 - TEMA: Melhoramento Genético em Ovinos

MELHORAMENTO GENÉTICO PARA RESISTÊNCIA À VERMINOSE EM OVINOS – PARTE 3


IDENTIFICAÇÃO DE INDIVÍDUOS RESISTENTES, RESILIENTES E SENSÍVEIS EM UM REBANHO OVINO


Como já visto, a resistência aos helmintos tem uma herdabilidade que varia de 0,3 a 0,5. Estes valores são similares aos de caracteres ligados à produção, como ganho de peso, produção de lã e morfologia de carcaça, características que tem sido selecionadas com sucesso em progamas de melhoramento genético de ruminantes.

Um dos pontos mais complicados que existem para inserir esta característica em um programa de melhoramento genético na criação de ovinos é a identificação dos animais resistentes e sensíveis.

Um dos métodos mais utilizados para diagnosticar a verminose em ruminantes é a contagem de ovos nas fezes, o conhecido exame de OPG (sigla de ovos por grama - de fezes). Como vantagens é um método diagnóstico bem difundido, não precisa de equipamentos caros para realizá-lo, o técnico pode fazê-lo a campo, além de existir vários laboratórios particulares ou ligados a instituições de ensino que prestam este serviço ao criador. Além disso é um exame relativamente barato, quando se faz periodicamente em uma amostragem do rebanho para promover o controle de verminose. Mas para fazer rotineiramente de todos os animais, com o intuito de identificar animais resistentes e sensíveis, torna-se caro e de difícil execuçao. Além disso, algumas situações podem mascarar o resultado, ora dando contagens altas em animais com baixa infestação, ora baixas contagens em animais com alta infestação. De acordo com algumas pesquisas, a contagem de OPG pode sofrer influência de fatores como estação do ano, variação diária de ovipostura, tipo de pastagem, volume diário de fezes produzidos, uniformidade de distribuicao de ovos na massa fecal e fase da infecção parasitária.

A contagem de ovos nas fezes também não se presta para diferenciar entre animais sensíveis e animais tolerantes (resilientes). Ovinos sensíveis são aqueles que não conseguem promover uma resposta imunológica suficientemente eficaz para debelar a infestação de vermes. Eles sempre mantem uma contagem de ovos alta, causada pela alta infestação de vermes, e são afetados em seu estado sanitário e nos índices de desempenho. Já os resilientes são aqueles ovinos que também não conseguem debelar a infestação por helmintos, mas que convivem bem com isso. Também apresentam altas contagem de OPG, mas não tem seus índices de desempenho nem seu estado sanitário afetado. Ambos os tipos de animais são diferentes dos resistentes, pois estes não permitem que se instale uma infestação de vermes, e portanto não apresentam alta contagem de ovos nas fezes.

Já o método FAMACHA tem outro foco como método diagnóstico. Basicamente ele consiste em visualizar o grau de coloração da mucosa conjuntiva de cada animal e classificar esta coloração em 5 níveis. Os níveis 1 e 2 são os mais corados (vermelhos), indicando que o animal está sadio, não apresentando quadro clínico de verminose. Animais com coloraçao de 3 a 5 são os que estão mais anêmicos, apresentando um quadro clínico de verminose. Logicamente, como o método baseia-se no grau de anemia que o animal apresenta, serve basicamente para diagnóstico de Haemonchus contortus, que é hematófago. Mas alguns trabalhos de pesquisa verificaram que os ovinos selecionados para o este verme, também apresentavam resistência para outros, indicando que a seleção de animais resistentes para uma determinada espécie de helmintos adquire uma resistência cruzada a outras espécies. Este fato viabiliza o Famacha como método diagnóstico de escolha para este fim. É um método muito eficaz e barato para se aplicar no campo, apresentando-se como uma excelente alternativa à contagem de OPG para identificar indivíduos resistentes e sensíveis no plantel.

Na verdade ele não diferencia os resistentes dos resilientes. Como falado anteriormente, os animais resilientes podem apresentar alta infestação por helmintos e manterem-se sem sintomas clínicos, não sofrendo prejuízos na sua saúde ou produtividade. Eles poderão apresentar-se com o exame FAMACHA entre os níveis 1 e 2 mesmo estando com alta contagem de OPG, ou seja, altos níveis de infestação de helmintos. Mas pela própria filosofia do controle de verminose utilizando este método, a manutenção de ovinos resilientes no rebanho não é ruim, e pode ser considerada até interessante. Estes animais ajudam a manter uma população de helmintos nas pastagens e no rebanho, e desde que esta população é considerada “amiga”, ou seja, sensível às drogas anti-helmínticas utilidas na propriedade, isto é interessante. Esta população “amiga” de helmintos tem a função de evitar a entrada e prevalência de populações “não amigas”, ou seja, resistentes às drogas utilizadas na propriedade.

Dentre estes métodos o FAMACHA, portanto, é preferencial, pois é muito fácil e barato, e se mostra muito eficaz para identificar os indivíduos sensíveis e os resistentes/resilientes no rebanho. No final das contas é mais importante identificar os animais que são mais prejudicados com a infestalção por helmintos, do que saber o número de ovos por grama de fezes de cada animal.

A avaliação do histórico dos resultados de exames pelo método FAMACHA, ao longo de um ou dois anos, fornece uma excelente informação sobre a resistência à verminose de cada indivíduo que compõe um rebanho.

Na próxima parte deste artigo são abordadas mais algumas considerações sobre o FAMACHA como método de identificação e seleção de indivíduos em um processo de melhoramento genético para resitência à verminose. Siga para a parte 4.


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